24 de fevereiro de 2023
Neuroarquitetura, é a ciência que estuda como os ambientes construídos podem impactar na nossa saúde e bem-estar. A disciplina considera a arquitetura um fator ativo e de grande influência no cérebro humano. Estudos apontam que elementos e padrões de qualquer ambiente físico, podem afetar os usuários a curto, médio e longo prazo.
Sendo assim, quando colocado em prática o conceito da neuroarquitetura, o mesmo tem a capacidade de impactar nas criações de projetos estratégicos que auxiliam positivamente no comportamento das pessoas.
Em vista que, a maior parte de nossas vidas está em espaços construídos; casas, escolas, shoppings, local de trabalho e etc. É natural que parte de nossas memórias sempre estejam associadas a ambientes físicos. Com isso, a neuroarquitetura passa a ser mais variável, e pensar que, além da concepção estética e funcional, deve-se também considerar a capacidade de gerar emoções, memórias e comportamentos pessoais positivamente, influenciando no bem estar cotidiano.
Como a neuroarquitetura é estudada?
De acordo com estudos feitos de neurociência, através de ressonâncias magnéticas e eletroencefalogramas, identificam que certos elementos da arquitetura, tais como: cores, texturas e iluminação, geram gatilhos em diferentes regiões do cérebro, que podem causar uma liberação maior de substâncias químicas, como hormônios e neurotransmissores, expressões genéticas, produção de proteínas e RNA, causando alterações no estado mental, emocional e comportamental.
Todos esses processos mentais, ocorrem em níveis inconsistentes , sendo assim, os estímulos que são produzidos por um certo ambiente podem afetar o usuário sem que ao menos ele perceba.
História da neuroarquitetura
Em 1990, após grandes pesquisas e descobertas realizadas pelos grandes profissionais, Fred Gage (neurocientista) e John Paul Eberhard (arquiteto), surgiu-se o termo neuroarquitetura. Juntos, foram capazes de concluir que ambientes tem um grande poder de transformar certas capacidades e sensações cognitivas do cérebro humano.
Apesar das descobertas, o termo só foi oficializado em 2003, depois que Gage e Eberhard fundaram a Academy of Neuroscience and Architecture – em San Diego, California.
Premissas do projeto de neuroarquitetura
A primeira, refere-se às pessoas que vão utilizar o ambiente, ou seja, qual será o público alvo? Cada pessoa possui uma percepção única. Essa percepção é influenciada por sua genética, cultura e experiências. Desta forma, cada pessoa tem a sua própria percepção, mas existem certos padrões que devem ser considerados no processo do projeto. É importante entender para quem aquele projeto se aplica, tendo em vista que, determinadas características de um ambiente podem influenciar reações distintas entre grupos diferentes ou individuais.
Segunda premissa, é o objetivo da neuroarquitetura em um determinado projeto. É de extrema importância entender o que o projetista pretende estimular, para que assim, seja aplicada a neurociência de forma coerente.
EX: Um espaço que será destinado à criatividade e pensamentos lúdicos, terá suas características distintas de um espaço de foco e concentração, diferente de um espaço que poderia ser destinado a lazer e relaxamento.
Tempo de exposição se encaixa na terceira premissa. Na lógica, quanto maior for o tempo de exposição, maior será o efeito que o espaço causa no usuário, por isso é tão importante se atentar em ambientes de longa permanência, como: casa e áreas de trabalho, ambientes que automaticamente podem gerar grandes mudanças plásticas no cérebro.
E por fim, precisamos considerar a ética na prática da neuroarquitetura. Como já vimos, todos os ambientes que estamos podem nos influenciar de alguma forma, até mesmo inconsciente , e é de responsabilidade dos profissionais responsáveis (arquitetos) tratar os espaços de maneira que traga um bem estar físico e mental.
Vamos conhecer algumas das características de ambientes projetados e como elas afetam os usuários.
Composição: Aqui, abordamos qual será a percepção dos usuários através da composição de um ambiente. Precisamos ressaltar qual a importância da variedade dos espaços utilizados. No ambiente de trabalho, por exemplo, é necessário entender os espaços de descompressão, que irão proporcionar o relaxamento e encontro sociais entre os usuários, tais como, espaços íntimos, que transmitem privacidade e individualidade.
Visão: Após alguns estudos, foi considerado que 30% do córtex do nosso cérebro é dedicado para o processamento da visão. Sendo subdividida entre áreas e funções específicas com o reconhecimento de cores, formas, localização, objetos, etc. É importante se atentar na iluminação, a luz natural traz ânimo, melhorando o humor, além de benefício para o conforto lumínico e para o bem estar.
Iluminação artificial, lâmpadas frias: foco e clareza de ideias, ótima opção para escritórios e ambientes de trabalho.
Lâmpadas quentes: Sensação de aconchego e tranquilidade, ótima opção para quartos e sala de espera.
Cores: Pensando no quanto as cores impactam a atmosfera do ambiente e o sentimento dos usuários, elas têm grande responsabilidade em qualquer tipo de espaço. É ideal conhecer os efeitos causados pelas cores, aplicadas corretamente, que podem gerar uma percepção positiva comportamental nas pessoas. Para isso, é preciso estudar a psicologia das cores.
Abaixo uma pequena lista de cores, tons e seus efeitos:
Tons claros: favorecem a concentração e ampliam os espaços;
Tons vibrantes: favorecem o pensamento lógico (criatividade);
Branco: transmite paz, amplitude e sabedoria;
Amarelo: associa-se em criatividade, alegria e expertise, mas, seu excesso pode gerar ansiedade;
Azul: harmonia, tranquilidade e calma.
Audição: O sentimento de maior alcance do ser humano. Podendo influenciar nos batimentos cardíacos, ondas cerebrais, respiração e ciclo circadiano, a audição pode detectar efeitos sonoros a quilômetros de distância. Todos esses estímulos estão ligados diretamente ao bem estar dos usuários, podendo causar danos à saúde física e mental.
Tato: Esse é um dos sentimentos mais estimulantes para o cérebro, com certeza não poderia ficar de fora da neuroarquitetura. O responsável pelo projeto deve pensar em toda a ambientação tátil, levando em consideração o mix de texturas e materiais que serão utilizados. Ex: Quando pensamos sobre o piso, eles são frios ou se adaptam a temperatura, ocasionando uma sensação agradável ao pisarmos descalços?
Olfato: O olfato é um sentimento muito importante, que ativa memórias e sensações, que, além disso, reconhece odores agradáveis ou desagradáveis. Sentimento que está conectado com importantes regiões do cérebro como: hipocampo (responsável por memórias), amígdala (responsável por emoções) e hipotálamo ( responsável por controlar a fome).
Abaixo, 3 formas onde a neuroarquitetura é aplicada em projetos corporativos.
1. Criação de ambientes de descompressão
Grandes empresas e escritórios têm adotado ainda mais neuroarquitetura em seus projetos corporativos. Passaram a criar ambientes de descompressão, ao qual influenciam diretamente no comportamento de seus colaboradores. Assim, começam a se distrair mais e passam a enxergar a empresa com uma visão ainda mais positiva, resultando na gratidão e sensação de pertencimento do time.
2. Melhorias na acústica
É de extrema importância a preocupação com a acústica do ambiente que se vai projetar. O nível dos ruídos tem uma grande capacidade de influenciar na concentração e humor das pessoas. No Brasil, costuma-se usar a Norma Brasileira 10152 que diz respeito ao conforto acústico interno em edificações conforme seu uso.
3. Intensifique ambientes verdes
Muito mais do que decorar, e sendo um dos pilares fortes da neuroarquitetura, a presença de plantas em qualquer espaço dá a sensação de relaxamento e conforto ao bem-estar, aproximando os usuários ainda mais da natureza.
Outros exemplos de neuroarquitetura aplicada.
Em edifícios residenciais, a neuroarquitetura pode ser usada para criar ambientes que promovam o conforto, a segurança e a saúde mental dos moradores. Por exemplo, é possível projetar casas com espaços de convivência agradáveis, áreas verdes e luz natural abundante para melhorar o bem-estar das pessoas. Além disso, é possível incorporar tecnologias de automação residencial para tornar a vida mais fácil e conveniente.
Outros exemplos incluem a incorporação de elementos de design que promovam a segurança, como portões eletrônicos, sistemas de segurança para prevenir incêndios e inundações, e iluminação noturna inteligente. Também é possível projetar casas com áreas para atividades físicas e para o descanso, como piscinas e áreas de yoga, para promover a saúde física e mental.
Em suma, a neuroarquitetura oferece uma abordagem interdisciplinar para o design de edifícios residenciais que busca integrar as necessidades humanas e as características do ambiente físico para criar ambientes acolhedores e saudáveis.
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